Eu queria ter barba...

Eu queria ter barba...
Sim, barba! Porque o que eu possuo na minha face imberbe não passa de uma pelagem tímida e rarefeita. Um mero aglomerado de furúnculos que tardam em desabrochar... Um vestígio sem força nem virilidade! Se eu tivesse barba...

Ah!...maravilha!
Poder desfriza-la, enrola-la, entrança-la, apara-la a meu bel-prazer... Poder pinta-la, descolora-la, dar-lhe a cor de um pôr do sol em Alexandria no mês de agosto, com o seu avermelhado imponente, rasgado por matizados de laranja e amarelo faiscante!... Que bela barba seria, a tornear as minhas feições, ocultando todas as imperfeições, qual reposteiro celestial cujas cortinas dariam um novo significado à pobre janela que é o meu rosto...

Oh! Todo um universo de possibilidades!
O que une os génios, de Galileu, Marx, Aristóteles a António Variações? O olhar trespassante que capta algo além do alcance do simples mortal? Não. A barba. Sim, a farta cabeleira queixal que caracteriza o verdadeiro génio! Que simboliza e representa o extravasamento da força em todos os seu sentidos! Força que não se resume a sua componente física, mas que diz respeito a pujança intelectual e espiritual e até musical.
É por isso que eu queria ter barba.. além disso também dizem que ajuda com as miúdas... JMP