Discussão de Compinchas em Ré Menor

Estava eu a ouvir uma bela sinfonia, quando fui acometido por uma profunda sonolência que me arrastou para as profundezas do desconhecido, para a zona em que a alma se liberta do seu cárcere terreno e se eleva, então, ao domínio do ideal e da perfeição da forma, dimensão infinita, sem fronteiras que toldem os objectivos da criatividade humana. Adormeci e tal como estava a dizer, sonhei um bocado.
Sonhei que estava perante alguns dos grandes compositores da história da Humanidade. Estava presente Bach, Beethoven, Vivaldi, Mozart e José Cid. Desenrolou-se então um belo diálogo que passo a transcrever:
-Eu como mestre barroco, alicerce de toda a música moderna sou, sem sombra de dúvidas o maior músico de todos os tempos! - começou Bach
-Ó Sebastião, tá mas é calado que toda a gente sabe que era a tua mulher-a-dias que te fazia a papinha toda, enquanto tu punhas os rolos no cabelo! - ripostou um Vivaldi enfurecido - Eu sim sou o Mestre!
- Isso é que era bom, ó seu padreco! -interrompeu Mozart, muito irado - Aqui que eu saiba o puto maravilha sou eu! Eu escrevi o meu primeiro concerto aos três anos, a minha primeira peça aos 2 e aos três meses já tarauteava os maiores sucessos do Roberto Carlos. Mas um tarautear afinadinho, não é como se vê por aí agora muita criança prodígio, que aquilo mais parece que se estão a engasgar com tremoços!
- Caramba malta não é preciso exaltarem-se! - interveio José Cid - Eu acho que são todos grandes músicos, mas olhem que eu tenho a piruca mai gira!
Rendidos às evidências e, quiçá um pouco envergonhados, todos acenaram em profunda concordância, excepto Beethoven que se mantinham à margem desta conversa.
- Ó Ludovico, pá! Não dizes nada?... Tou a falar contigo pá! - disse Vivaldi indignado.
Então, eis que: Zumba! Mozart aplica uma bofetada de belo efeito à nuca de Beethoven, que sobressaltado e estremunhado disse apenas:
- Desculpa lá ó Wolfgang, pá, não estava a ouvir...
JMP