Pisou: Limpou (Mecanismos Evolutivos para a sobrevivência do português)
Todos os dias, sempre que caminhamos num passeio em Portugal, deparamo-nos com pequenos excrementos caninos alojados pelos cantos. Aliás, muitas vezes não são pequenos, são antes bostas colossais, que se espraiam presunçosamente no centro da via. É um belo hábito português esse de levar o cão a passear e depois, enquanto o bicho faz o cócó, "olha pó lado, vê as horas..." e fazer a cara do "este cão nem é meu, estou aqui a segurá-lo por acaso", deixando a via pública pejada de dejectos.
Ora este hábito podia ter consequências desastrosas, não estivesse o "português" (Homo sapiens lusitanius) dotado pela Seleção Natural de vários artifícios de que se socorre em que caso de pisar um "presente". Primeiro há o truque da "relvinha". O "português" usa o relvado mais próximo como um "tapetinho", roçando o seu sapatito em movimentos, alternadamente vigorosos e suaves, da frente para trás. É essencial o apoio numa árvore, banco e/ou poste de iluminação enquanto segue este procedimento (o equilíbrio é fundamental!). De seguida, no caso do calçado em questão ter as chamadas "frinchas" que se encontram impregnadas de matéria fecal, há que recorrer ao método do "pauzinho". É obviamente uma habilidade ancestral, com que os chimpanzés também contam para extrair térmites da casca de árvores. No truque do "pauzinho", é de realçar a maestria com que o "português" obtém o seu objecto, cortando um pequeno ramito e certificando-se que cabe na frincha do sapato. Estes dois primeiros artifícios são normalmente acompanhados de um praguejamento constante e monocórdico. Pensa-se que ajudará a concentração do "português", tal como os monges budistas em meditação. No caso de não haver "pauzinho" à mão, o português recorre a outro objecto (o que o distingue principamente do chimpanzé), que poderá ser a "chave de casa" ou a "chave do carro". Se porventura ainda houver resíduos, o "português" retoma o seu caminho, indiferente, percutindo o pé em questão ao andar com força redobrada, deixando à gravidade o resto do trabalho. É fascinante o que a Evolução deu ao "português", para conseguir sobreviver em ambiente tão hostil!
Penso que este tema é de uma furunculosidade inquestionável, pois todos nós nos deparamos com esta realidade diariamente. Uma calçada salpicada de excrementos que nem um campo minado é uma calçada portuguesa, concerteza! JMP
3 Comments:
Meu amigo...fazes como aqui nos estates, andas de carro e nao andas a pe na rua...acabou, n tens q limpar a roda da pickup com pauzinhou ou tens? nao!
Amilcar
10:08 da tarde, fevereiro 18, 2005
Mainada!!! Andas de pópó e esqueces esses traumas...e a melhor maneira que tens para os superar é "arreares um calhau" num passeio! depois esperas para ver quem pisa e...e...depois...tou a brincar. mas era capaz de ter piada...talvez quando estivermos todos lixados.
F.M.
2:22 da tarde, fevereiro 19, 2005
Invejo-te!A evolução só tem só tem olhos pró seu portuguesinho querido!
PA
8:46 da tarde, fevereiro 19, 2005
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