As romarias

Com a chegada do São Martinho, é inevitável a retoma da grande avalanche das míticas romarias portuguesas, dispersas pela grande extensão que cobre Portugal de Vila Real de Santo António a Vilar de Perdizes. Já se começa a sentir o cheirinho do não tão menos tradicional pão com chouriço...
Com as romarias surge sempre uma bela duma oportunidade para reflectir sobre as tradições portuguesas e o seu impacto na nossa bela sociedade. Como todos nós, que vamos às praias portuguesas do norte, sabemos, as romarias, são uma tradição que vem desde os tempos de D.Afonso Henriques e que desde sempre juntou a pequenada à geração mais antiga de uma típica família. É cativante ver como os audazes petizes convivem com seus avós enquanto trocam coxinhas de frango sempre com uma pitela de areia para condimentar...
Bem mas essa não é a questão central! O que importa realçar é que as romarias são impulsionadores dos grandes ícones portugueses tais como a unhaca desenvolvida, o belo do palito no canto da beiça e a não menos típica escarradela para alisar o cabelo. Quem nunca participou numa destas reuniões, em que um senhor de alguma idade tira o cerume do ouvido, escabicha as covas dos seus dentes e alisa o seu cabelo com um bonito composto esverdeado? Quem nunca participou que atire a primeira coxa de frango seguida de uma rabanada de areia...
Outro elemento fundamental em qualquer tipo de romaria é o sagrado "garrafão de tintol" que sossega os insaciáveis gorgumilos da turbe sequiosa. Ora a bebida é o catalisador de uma qualquer reunião familiar. Quem nunca viu um tio seu beber um pouco mais e contar episódios da sua vida conjugal que se calhar nunca devia ter contado? Já para não falar na libertação de gases tóxicos da vóvó...
A música mais tarde ou mais cedo (depende da graduação do "tintol") vem ao de cima, recordadando árias de tempos idos, que alegra petizes e graúdos. Também é costume se escutar músicas de ícones da música ligeira portuguesa, como o Toy, Marante, Romana, Nucha, Tony Carreira e o inegualável Quim Barreiros!
Como forma de exaltar esta bela tradição deixamo-vos com um poema belo, bonito e multicolor...

Por esses caminhos de S. Tiago
correm as massas ligeirinhas,
ligeirinhas como cabras montesas
com um só fito
o de beber até cairem tesas!

A cantareira alegra o "pobão"
alegra o petiz e o cabrão
alegra a avó sem dentição
e o tio sem colh...(esquerdo)

As danças e cantares
pela vila e sobrantes lagares
num rodopio sem porfias
enaltacem as inocentes romarias

F.M. e PA

P.S. (PA): MANGAS BRANCAS! HIC!!!
P.S. (F.M.): HIC!!! Levem-me a casa...
P.S. (PA): Mas tu já estás em casa, caralho!